Professor e escritor
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#vivencias:
Chão de Cristais!
“... O bom humor espalha mais felicidade que todas
as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para
as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior...!”
Demorei mais na seleção do título desse assunto do que para escrevê-lo. A decisão por chão de cristais é por acreditar ser o mais adequado para tentar denominar esses cenários encantadores que atraem em especial os seres humanos principalmente nas temporadas de calor, longe do frio do sul.
Estes seres são envolvidos pelos encantos enigmáticos do lugar. Ali, muitos conseguem se desprender de certas algemas como as do preconceito, das imposições de modelos e regras sociais que nos transformam em alienadas multidões de iguais. Mas, ao pisar esse chão conseguem libertar seus corpos, mesmo que temporariamente, naturalmente se reencontram a si próprios e mesmo que por alguns instantes consegue expressar um pouco do seu natural ente.
Neste chão, livres de amarras, com seus corpos seminus, tornam-se mais originais. São envolvidos pelas luzes do grande arco-íris, salpicados pelo pó de cristais, que formam imensos tapetes naturais para recepcionar os visitantes que vem apreciar esse fantástico lugar, onde se dá o encontro de todos os elementos naturais da nossa casa maternal e obra inédita do criador universal. E esses corpos tornam se mais belos, quando são envolvidos pelo precioso liquido dos oceanos. São recepções nobres que a natureza do lugar dispõe a todos nós que ali vem passear.
Toda essa cordialidade natural, foi especialmente preparada para nós, têm propósitos acolhedores de amor e paz. São exemplos ali vivenciados, que enchem nossas mentes e corpos de certezas de que todo o corpo universal nos protege, acalenta e alimenta. Saciando nossas fomes e carências, dele temos tudo, tudo que cada ser necessita.
Então já deu para decifrar a qual lugar inicialmente me referia? Isso mesmo, a praia com seus tapetes de cristais de areia, formada por sedimentos de todos os tipos que existem em nosso planeta, o sol, o Mar a terra e o ar. Graciosamente se encontram para nos recepcionar.
E nesse chão, que assisti a milhares de pessoas, encenando seus papéis, seus atos eram espontâneos, demonstrações de felicidade, de satisfação e de bem-estar. Eram provas de suas transformações, em registradas em especial em seus olhares ficavam mais dóceis, seus gestos mais mansos e ternos, emergiam cintilando do seu interior.
Vi diante dos meus olhos cenas tão encantadoras, quanto mais olhava, mais belas se apresentavam. Eram amostras das grandiosas obras do mundo feitas especialmente para o ser humano apreciar.
Como espectador, passei horas apreciando esses encantos, o tempo passava do amanhecer ao entardecer, por poucos dias pude estar lá. Mas guardo na lembrança esses momentos e quando desejo, revejo as cenas apresentadas pelos humanos sobre aquele chão de cristais.
As cenas são inéditas mesmo porque não acontecem do mesmo jeito no mesmo lugar. Quantos de nós, têm guardado em suas memórias, outros infindáveis espetáculos para igualmente relatar? São vivências em que somente seres de mentes especiais consegue vivenciar e valorizar.
Vou relatar, apenas, alguns fascinantes exemplos, assistidos neste chão de cristais. Porem o meu maior propósito é mostrar em especial às pessoas que nada disso percebem, para que comecem a observar de outro jeito, com outras intenções e com outro olhar, para também se contagiar, se sensibilizar e se deixar envolver por esses misteriosos e doces encantos do nosso grande corpo celestial.
Entre tantas diversidades de espetáculos, presenciei bem próximo de mim, um jovem casal com duas criancinhas. Enquanto a mãe esperava seu bebê dormir em seus braços, o acariciava. E ao mesmo tempo eram acariciados pelas leves brisas do lugar. O pai, conduzia pela sua mão, seu outro filhinho, com sua pranchinha de surf. E por certo tempo, o pai foi ensinando como pegar as melhores ondinhas e as técnicas e prazeres que essa prática pode proporcionar. Nos olhos do pai se via a satisfação e o prazer de sua dedicação. Agora nos olhinhos do menininho, tinha um brilho divino, era um serzinho protegido e amado pelo seu pai.
Em outro momento, uma avó conduzia pelas suas enrugadas mãos, sua neta, uma adolescente e deficiente visual, ouviam-se as descrições minuciosas da avó sobre o lugar, riam juntas, festejando as emoções que a neta sentia nos momentos em que as ondas chegavam e seu corpo tocava.
A mãe com sua minúscula filhinha que só andava amparada pelas mãos, dava gritinhos de alegria e prazer ao pisar com seus singelos pezinhos na areia e na água do mar.
A admiração de uma família e seu primeiro encontro com o mar, questionavam entre si, riam e se arriscavam molhar os pés, o rapaz adolescente segurava seu irmão menor pelo braço e alertava sobre os perigos da atração pelas ondas do mar. Molharam suas roupas se encharcaram e depois todos saíram dali para se trocar e voltar.
Vi também grupos de amizades rindo e conversando descontraídamente, seus ecos pareciam hinos celestiais. Casais fazendo suas caminhadas ao longo da praia, declarando suas paixões. Jovens surfando sobre as ondas. Crianças brincando de bola, construindo castelos, juntando conchinhas, apreciando os momentos e não querendo sair de lá. Vi pessoas de todas as idades tomando sol apreciando seus corpos dourados pela luz.
Observei um pescador alcoolizado, deitado aos pés da sua protetora Iemanjá, dormia em posição fetal, protegido pela mãe do mar, ao acordar, fez uma oração antes de deixar o local.
No meio desse cenário me encontrava igualmente irradiada pelas belezas desse chão de cristais e no final da tarde uma revoada de gaivotas com seus cantos deixou o espaço ainda mais aconchegante. E assim, como os demais, fui tomar um delicioso banho de mar e depois para o meu destino retomar.
Praia, esse chão de cristais, banhado de sol, de mar e de brisas de ar. Onde tive o prazer de estar.
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José Carlos Bortoloti – Passo Fundo – RS –
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18/10/2022 às 14:09
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