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03/09/2022 às 16:05 - Professor Borto - Opinião Liberal

Os Signos e a Linguagem!

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“(...) é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução...! ”

 

  1. Saussure - 1995

 

Conversar, prosear, dialogar ou a forma que você escolher com o Professor Nelson Valente é sempre uma aula magnifica.

 

Somente faça uma pergunta ou questione sobre algo, principalmente de sua área, se você tiver tempo para uma verdadeira aula. Senão não perca seu tempo nem o do Mestre.

 

Primeiro pela paixão que Nelson Valente tem pela Linguagem, Linguística, Signos e toda a significação, seus significados que nos tornam significantes: em outras palavras a Semiótica!

 

Quanto fiz uma pequena introdução em um assunto com este admirado Mestre foi:

 

Professor Nelson: Vivemos no século da comunicação. Para alguns, o nosso mundo constituiria já uma autêntica "aldeia global", habitada por umas “tribos planetárias”, possibilitadas uma e outra, pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Para outros, a sobrecarga de "informação" e "comunicação" não se traduz, necessariamente, em maior aproximação e solidariedade entre os homens, conduzindo antes a novas formas de individualismo e etnocentrismo.

 

A resposta:

Prof. Borto!

O importantíssimo é ter em mente: há comunicação, há aprendizado. Se há ação do signo, mentes elaborando conteúdos, há aprendizado, há diálogo.

 

Uma palavra tem significado para nós na medida em que somos capazes de usá-la para comunicar ao outro o que sabemos e obter o saber que os outros procuram comunicar-nos. O significado de uma palavra é mais precisamente a soma de todas as predições condicionais de que se pretende negar. Pierce identifica três graus de significado:

 

1º) capacidade de comunicação;

 

2º) intenção de comunicação;

 

3º) potencial de revolução, o que faz mudar o mundo.

 

No processo de comunicação, que simplificadamente podemos entender como a troca de uma mensagem entre um Emissor e um Receptor, os Signos desempenham um papel fundamental. Sem Signos, não há mensagem, nada podemos pôr em comum.

 

Os Signos são tão importantes que se pode (e costuma) definir, de forma essencial, a Semiótica como a "ciência dos signos".

 

mesa não é a palavra mesa. A palavra mesa é que se refere ao que chamamos mesa. A rosa não é palavra rosa. A palavra rosa é que se refere aquilo que chamamos rosa O computador não é a palavra computador. A palavra computador se refere ao meio tecnológico a que chamamos computador. MP3 player não é a palavra MP3 player. A palavra MP3 player se refere ao dispositivo usado para baixar e ouvir músicas da Internet no formato MP3.

marca Omo não é o sabão em pó. É um signo que veicula uma mensagem publicitária cujos sentidos representam “é o branco que sua família merece”.

 

“A AÇÃO DO SIGNO DE ESTAR NO LUGAR DE” SÓ SE COMPLETA SE HOUVER ALGUÉM (OU ALGO) CAPAZ DE INTERPRETAR ESSA RELAÇÃO.

Para que a palavra mesa se refira aquilo a que chamamos mesa, é necessário alguém (ou algo) capaz de fazer a relação entre a palavra mesa e aquilo que ela representa. Assim como alguém (ou algo) capaz de associar a palavra rosa aquilo a que chamamos rosa Assim como alguém (ou algo) capaz de relacionar a palavra computador ao meio tecnológico a que chamamos computador. Assim como alguém (ou algo) capaz de traduzir que o nome MP3 player se refere ao dispositivo capaz de viabilizar a ação de baixar e ouvir músicas da Internet no formato MP3. Assim como algo ou alguém capaz de associar a marca Omo ao “branco que sua família merece”. Bem, no Signo há uma relação tripla que se relaciona direto com as categorias:

 

Um OBJETO (que pode ser um fato). Um INTERPRETANTE (que pode ser a interpretação que alguém venha a fazer do fato - não confundir com “intérprete”). Um REPRESENTAMEN, que é o corpo do Signo em si.

 

Exemplo: Assim, no Signo há uma relação tripla entre Objeto, Interpretante e Representamen.  A palavra “computador” é um Signo. O seu Objeto pode ser um computador qualquer; O Interpretante, para você - é o computador que vem à sua cabeça ao ler a palavra; O Representamen é a própria palavra “computador”. Na prática, o Representamen é o veículo da informação.

 

Os significados dos termos semióticos aqui apresentados, com intuito eminentemente didático, encontram-se nas obras que buscam interpretar o pensamento de Charles Sanders Peirce. São acepções mais frequentes e que, servindo como instrumental para os semioticistas em muitos casos coincidem com as próprias definições do Autor, tornando-se assim impraticável referi-las, em termos de autoria, uma a uma. Pretendemos com isso tornar de domínio comum a tais termos, aos “praticantes” desta ciência nascente “que ajuda a ler o mundo”.

Todo aprendizado ocorre por meio de signos. O processo comunicativo é fundamental à cognição.

 

Aprendemos comunicando, e comunicamos aprendendo. Mesmo sem querer, comunicamos (por meio da linguagem corporal, por exemplo). Mesmo sem querer, aprendemos, todas as vezes que participamos de uma cadeia sígnica. Estamos no mundo nos comunicando e aprendendo. Os objetos à nossa volta e dentro de nós produzem diálogo constante, constante processamento, constantes produção de signos.

 

Quando vamos ao cinema, aprendemos alguma coisa em nossa leitura do filme. Se o conteúdo apreendido é eticamente interessante, é outra questão. Se assistirmos um acidente, um fato trágico, ao conversarmos nos bar, na Igreja, no olhar vitrines. Estamos sempre aprendendo. A diferença com o conhecimento proposto pela instituição escola, ou pela universidade, é que a universidade procura conduzir o caminho de aprendizado, com objetivos claramente pedagógicos. Ir ao cinema pode parecer mais agradável, pois vamos quando queremos o que é importantíssimo: o afeto inicia qualquer relação de aprendizado – o que não me afeta, não atinge minha mente, não formará signo. Ir à universidade pode parecer obrigação, mas ali o sujeito é exposto a conteúdos de uma área que escolheu para estudar e para agir profissionalmente. É fundamental que haja algum afeto.

 

Na escola, portanto, procura-se o conhecimento sistemático, induzido. Aqui os objetos estão disponibilizados para quem puder e quiser entrar em processo semiótico, cada um de acordo com suas possibilidades, de acordo com seus signos prévios.

 

Quanto mais exposição ao processo, quanto mais aumenta o capital de signos disponíveis, maior possibilidade de aprofundamento em determinada área, maiores as possibilidades de estabelecer relações entre os objetos.

 

Entenda-se, contudo, que para a semiótica, onde ocorrer comunicação há aprendizado. Há aprendizado onde houver ação do signo. Com esse entendimento, podemos ampliar a noção de processo educativo, e talvez mudar alguns de nossos parâmetros. Na sala de aula convencional, toda vez que ocorrer comunicação, ocorre aprendizado, sempre de acordo com o capital disponível de cada um e também de acordo com o afeto dado e recebido no processo. Com isso, nota-se que há tantos ritmos de aprendizado quantos forem os posicionados como alunos – professor inclusive.

 

Com o Professor Nelson, pensar não dói...!

 

Dos Diálogos com o Professor, Jornalista, Escritor, Cronista.

Nelson Valente

José Carlos Bortoloti - Passo Fundo – RS

Colunista do Opinião Liberal

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